Ela dorme iluminada
Pela luz de uma tela
Há dias não põe a cara pra fora
Nem se lembra mais como é o calor do Sol
E dentro de sua casa
Tristeza, ansiedade
Aquela sensação estranha, não tem energia
Pra fazer nem o que dá tesão
Ela não sabe quando, nem por que começou
Ela só quer achar a saída
Ela só sabe que precisa gritar
Há! Há! Há!
Ela não percebe ainda
Que bem diante de seus olhos
Um grande monstro cinza se ergue
Alimentado com suor, cimento e sangue
Diariamente crescendo
Devorando o horizonte
Com um pouco de sorte ela ainda vai poder ver o céu
Ao menos da janela alguns cortes
Ela disfarça as feridas abertas
Ela só quer achar a saída
Ela só sabe que precisa gritar
Há! Há! Há!
O ano todo pra ela
É um setembro seco e amarelo
Onde o dia e a noite pesam quase um século
Mas os dias escuros vão se iluminar
Como maçãs de ouro
Em bandejas de prata
Assim é a palavra certa dita a tempo
Mas o primeiro passo é o mais difícil de dar
Expulsa todo e qualquer pensamento de merda
Então ensaia as primeiras palavras
Ela só sabe que precisa gritar
Há! Há! Há